Confesso que com o passar dos milênios, entre uma vida e outra, enroscado em meus devaneios, sempre busquei compreender os homens. Um médico salva uma vida e um soldado vaza a cabeça de um outro com a bala do seu fuzil. O que estamos fazendo nesse orbe onde a realidade e o sonho misturam-se em miríades de esperanças e desilusões? Sei que escondo em mim a fera silenciosa que vomita fogo na ira, e ao mesmo tempo, um pequeno anjo que suaviza a dor com sua lira mágica, sem que possa aquilatar nem as mais simples notas musicais. Minha alma grita pela paz ainda que a veja tão distante de todos nós. Há mais cobiça do que missa. Há mais rumor do que amor. Há mais ter do que ser. Homens senhores e homens escravos. E todos homens. Ninguém é tão igual na sua formação. A biologia é perfeita na sua concepção. Sei que nesse momento alguém está tentando encontrar respostas e nas suas inquietações sentimentais, tenta apagar as interrogações da alma, como faço agora. Mas elas insistem em permanecer. Os que escolhem a política, vomitam mentiras sobre os demais. E os que se corrompem são tão iguais. Caminhando assim, por esse planeta azul, do leste, oeste, norte e sul, matamos a inocência e hasteamos a violência bem em cima do nosso nariz. Será que se eu gritasse bem alto, lá do cimo do Everest, um grito de alerta em favor da vida, alguém me ouviria? (Carlos Xamã Ventura) Caçapava/SP/Brazil.
